quinta-feira, 31 de outubro de 2024
domingo, 27 de outubro de 2024
MÁRIO QUINTANA - Seiscentos e sessenta e seis
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Mario Quintana
Fotografia de José Maria Laura
ARMAN - L'heure de tous
(Gare Saint Lazare - Paris)
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
Ferreira ... Dias de Outono
O outono a escorrer pelas janelas da Ferreira...
Outono
Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.
Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.
Miguel Torga
Outono
Desfolham-se as árvores
E as folhas, voando,
São aves ao vento.
Desfolham-se as árvores
E as folhas, caindo,
São tapetes no chão.
Desfolham-se as árvores
E os seus braços, nus
Pedem um cobertor
de nuvens.
Luísa Ducla Soares
Se deste outono
Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
Eugénio de Andrade
Quando, Lídia, vier o nosso Outono
Quando, Lídia, vier o nosso Outono
Com o Inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o Estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa —
O amarelo actual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
Ricardo Reis
Do outono II
Sem vento, a minha voz secouaqui, neste parque de cedros quietos.
Tudo é como ontem era, mas a minha
voz, na minha face, calou-se,
porque só o vento me trazia a fala,
vinda de algures, com notícias de alguém,
indo para além, para outros ouvidos, num país.
Fiama Hasse Pais Brandão
domingo, 13 de outubro de 2024
CESILINDA OLIVEIRA e SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
«Auto retrato ao estilo Andy Warhol» de CESILINDA OLIVEIRA
Poema azul
O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 6 de outubro de 2024
CARLOS COTTER - Feliz Aniversário!
O nosso abraço reconhecido a este Amigo que retratou as pulsações da Ferreira Dias ao longo das vivências comuns - cristalizando memórias únicas - que «sementou» saberes alongados desde as mais remotas propostas filosóficas da antiguidade humana até à curiosidade atual que ainda urde na nossa Escola.
Não esquecemos o sorriso espontâneo nem o comentário aferido que sempre foi soltando...
Amigo Carlos, Parabéns!
José Maria Laura













