terça-feira, 7 de janeiro de 2025

JOËL GUENOUN - Charlie

 






Milhos

 



Claro que a palavra está associada a milho.

Grande parte das aldeias do norte eram muito pobres e totalmente dependentes do milho. O milho era o pão desde o acordar até ao deitar. Muito trabalhoso e exigente também em água de rega. Tudo resultava das encodeadas mãos camponesas. 

Até cerca de 1960, o grão era levado ao munho (moinho) às costas, à cabeça. (Às vezes bem mais que meia hora de caminho duro). Lá, no tremonhado, apanhava-se a farinha e metia-se em foles, sacos artesanais feitos de pele de cabra. Novo percurso até à cozinha onde, cuidadosamente, se elaborava a massa. O forno de lenha devolvia as broas da sobrevivência.

Voltemos ao munho. Quando era preciso, alteava-se um pouco a mó em relação ao pouso. O grão caía na mesma da calheira mas a rotação da mó já não expelia farinha: eram os milhos, o arroz dos pobres. Os milhos eram sempre longamente cozidos ao lume nos tradicionais potes de ferro com três pernas. Coziam só na água. Depois misturavam-se uns bocadinhos de carne de porco, quando havia. Era o arroz dos pobres. A quantidade que não se cozia era cuidadosamente guardada em sacos de tecido. 

Quase todas as tarefas, os cuidados no munho, na cozinha, na masseira e no forno dependiam das calosas, delicadas e dedicadas mãos femininas.

José Maria Silva



Os nossos milhos e tanto carinho resguardados neste saco de pano!
Dezembro de 2024




quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

CARDEAL D. JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA - O menino que o Natal celebra...




«O Natal deixa-nos com um presente nas mãos: confia-nos um verbo para todos os dias do ano. E esse verbo é nascer. Um acontecimento que normalmente colocamos no princípio da vida e do qual pensamos que ocorre uma única vez. Ora, o Natal entrega-nos o verbo nascer como um programa de vida, um mapa sempre em aberto, sempre a ser refeito. O menino que o Natal celebra diz a cada um: “Agora nasce tu.”»


 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

GRATOS PELA COR DO TEU OLHAR!

Para ti
 que visitas este nosso recanto 
em que o texto, a imagem, o som e o silêncio se cruzam entre dias e noites!
Bem hajas!

José Maria e Maria Laura