Jacques Chirac. La pomme, emblème de la présidentielle de 1995
José Domingues de Almeida
Christina Dechamps
Se houve um tempo em que as elites só ambicionavam saber “tocar piano e falar Francês” para deslumbrar, hoje trata-se de falar essa língua para “dar cartas” no mundo global.
23 de Setembro de 2019
Se há alguns anos a situação do ensino da língua francesa em Portugal parecia ameaçada por outros idiomas resultantes da comunicação global, hoje o contexto é outro e reverte também a favor do Francês. Numa altura em que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e a OIF (Organização Internacional da Francofonia) cruzam e articulam dinâmicas de projeção das suas línguas, é impossível não registar dados gerais e estatísticos que apontam para uma representação diferenciada do Francês no nosso país. São estes, a título de exemplo: a presença de uma forte comunidade francófona visitante ou instalada, investimentos franceses significativos que implicam a fluência em Francês e que condicionam a contratação (sendo que a França é o primeiro criador estrangeiro de empregos em Portugal), bem como o reforço da cooperação educativa bilateral em consonância com o projeto de criação de um Espaço europeu da educação que envolverá o reforço da aprendizagem das línguas estrangeiras – pelo menos duas – num âmbito alargado de fomentação do plurilinguismo.
Ora a implementação plena do Acordo intergovernamental de cooperação educativa e linguística firmado e ratificado recentemente entre Portugal e a França (maio de 2019) deverá relançar, dinamizar e desenvolver aquelas que são já modalidades arrojadas de aprendizagem do Francês entre nós: a existência de trinta Secções Europeias de Língua Francesa que oferecem aos alunos das escolas públicas portuguesas uma educação bilingue, a presença recíproca de assistentes de língua, mas também de estagiários Erasmus+ nas escolas dos dois países para fomentar um contacto mais autêntico com a língua em estudo, a oportunidade oferecida aos alunos portugueses de certificar o seu nível de Francês através dos exames internacionais DELF/DALF, etc. Todos estes projetos permitem de algum modo assegurar um contacto prolongado e eficaz com a língua francesa nas várias fases da sua aprendizagem e da sua prática.
Com efeito, a crescente relevância geoestratégica, demográfica e económica do mundo francófono (mais de cinquenta países, muitos deles no continente africano) e suas implicações profissionais diretas para os novos públicos, assim como a relevância de uma educação plurilingue e multicultural defendida por muitos, aconselham vivamente a que se aponte muito para além da realidade atual em que perto de 1500 professores ensinam Francês a 265.000 alunos, muitas vezes só durante três anos da sua escolaridade (no 3.º ciclo) e num tempo letivo reduzido. A aposta na formação inicial e contínua dos professores deve igualmente ser incrementada, respondendo desta forma aos novos desafios da educação do século XXI.
Assim, para dar resposta a este novo contexto onde temos uma diversificada presença empresarial e económica francófona em Portugal, há que garantir uma oferta educativa que permita fazer corresponder formação e procura de perfis profissionais com competências linguísticas específicas. E isto pode passar, nomeadamente, pela oportunidade para todos os alunos, seja qual for o currículo escolhido, de continuar o seu estudo da língua francesa no ensino secundário. É óbvio que o inglês é fundamental, mas já não chega, e o domínio de outros idiomas, como o Francês, faz verdadeiramente toda a diferença no momento de contratar colaboradores.
Se houve um tempo em que as élites só ambicionavam saber “tocar piano e falar Francês” para épater (i.e. deslumbrar), hoje trata-se, antes, de falar essa língua
como trunfo do êxito profissional e “dar cartas” no mundo global.
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