sábado, 8 de março de 2025

SARA DIOGO, MARTA SANI e SANDRIENE CORREIA - Máquinas da Ferreira


 Quando a máquina do tempo abraça os recantos da Ferreira e ativa os motores da nossa memória!





Made with Padlet


Sara Diogo sabe bem acertar o passo com o avanço da História.
Foi aluna na Ferreira Dias. É professora na Ferreira Dias. 
Apresenta aqui, com clareza, aquilo que soube apreciar ao longo do tempo. 
E, sobretudo, soube espertar o olhar dos seus alunos para trazerem à luz o brilho das suas observações pertinentes. A escola é também uma fonte de aprendizagem através do silêncio crivado pelo olhar. 
Fica aqui um valor importante, estirado no tempo, que ilustra a evolução e o percurso da Ferreira Dias ao longo dos anos.
As imagens são/serão o restraço de muitas atividades, de inúmeras aprendizagens que a modernidade se encarrega de esmorecer.
Fica este cuidado desenho histórico para atiçar a curiosidade dos que gostam de perceber como era esta escola apoiada nos pratos da balança entre dos séculos.

Um caro agradecimento à Sara Diogo e às suas alunas, Marta Sani e Sandriene Correia, empenhadas na cumplicidade histórica.
José Maria Laura



ALEXANDRE BECK - ARMANDINHO - Um dia para lembrar da luta das mulheres...








 

CAROLINA DESLANDES - A saia da Carolina





 

A saia da Carolina
Foi de alguém que a ofereceu
Que é por ela ser menina
Que é p'ra estar perto de Deus
Foi assim de pequenina
Que a quiseram ensinar
Que tem lugar na cozinha
E em casa a costurar

Tem cuidado ó Carolina
Que o lagarto dá ao rabo
Tu até te vês rainha
Queima-te o patriarcado
Tem cuidado ó Carolina
Quem tem sonhos tem pecados
Ser menina é tua sina
Ser mulher é teu legado

REFRÃO
Cuidado com a Carolina
Que vem de punho cerrado
Cuidado com a Carolina
Que vem de punho cerrado
A saia da Carolina ardeu no meio do mato
A história da Carolina é que ela agora veste fato


Sou Maria Carolina, Deslandes p'ra vocês
Nasci do amor antigo do Kiko e da Inês
Tu querias julgar com riso toda a minha insensatez
É por ter crias comigo e agora conto com três
A saia da Carolina nunca aqui teve um cabide
E eu ando bem calçada vai perguntar ao David
Debaixo do meu hoodie não gosto de dar nas vistas
Cancela as minhas entrevistas
Eu tenho sardas espalhadas como grãos de areia
Pedem-me uma canção, eu tenho uma mão cheia
Avisa o lagarto que o esmago com o pé
Não há tempo p'ra rastejos em terra de jacaré
Não há tempo p'ra bocejos quando o dia me chama
Eu vivo de fé, há quem viva de fama
A saia não é de ninguém
Carolina oioai
Carolina oai meu bem

REFRÃO

Sim Carolina oioai
Carolina oai meu bem


JANE GOODALL - "You taught me that because you did it, I can do it too."


"A young 20-something Jane Goodall with her mother, Vanne, in Jane's research tent in Gombe."


"A young 20-something Jane Goodall with her blonde hair in a ponytail holds a pair of binoculars in front of the green backdrop of the Gombe forest."


"A steely-eyed Dr. Jane Goodall at 90 years old stands with her silver hair in her signature ponytail while gazing at the horizon. We see a creek and a forest behind her as the sun casts shades of pink and orange across the sky."

©Daniela Matejschek
Hugo Van Lawick

 "When I was a little girl, I used to dream as a man, because I wanted to do things that women didn’t do back then such as traveling to Africa, living with wild animals and writing books," said Dr. Jane Goodall. "I didn’t have any female explorers or scientists to look up to but I was inspired by Dr. Dolittle, Tarzan and Mowgli in The Jungle Book — all male characters. It was only my mother who supported my dream: 'You’ll have to work hard, take advantage of opportunities and never give up,' she’d tell me. I’ve shared that message with young people around the world, and so many have thanked me, and said, 'You taught me that because you did it, I can do it too.'"

domingo, 2 de março de 2025

Estendal da Criatividade - Filosofia e Poesia

 

Na Ferreira, um dos pilares da Filosofia é, sem dúvida, a constante sinergia que vai amadurecendo no Núcleo de Estágio de Filosofia.

Sob a orientação da professora Maria dos Anjos Fernandes, a Ana Henriques e a Sofia Freitas têm dinamizado atividades que motivam as turmas.




Em novembro, no Dia da Filosofia, 



ou em fevereiro, na Filosofia dos Dias...

com o Estendal da Criatividade- Filosofia e Poesia






As poesias criadas pelas turmas de 10.º e de 11.º começaram por entranhar os ecrãs dos computadores 
nas diferentes salas da Ferreira, convidando à reflexão e exaltando o trabalho colaborativo.

Caminham agora por aqui e continuam a interpelar-nos...










































Parabéns 
às professoras estagiárias,  Ana Henriques e Sofia Freitas ,
à professora orientadora, Maria dos Anjos Fernandes,
e a todas as turmas envolvidas.

José Maria Laura




JAUME PLENSA - Mirall

 












domingo, 9 de fevereiro de 2025

Na Ferreira ... Dias de História


no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto





Fotografias de um passado cruel a espelharem-se nas nossas vivências quotidianas...





Fotografias - Maria Laura Matos



«Nos 80 anos do fim da II Guerra Mundial e da libertação dos sobreviventes do Holocausto dos campos de concentração, o Grupo de História, juntamente com as suas turmas, relembrou este triste episódio da História, no âmbito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Foi discutido previamente com os alunos este genocídio em massa perpetrado pelo sistema nazi, constituindo, este, um dos maiores crimes contra a Humanidade.» 




A Ferreira não esquece!

Graças às professoras Ana Manuel, Mónica Penajóia, Margarida Carapinha e ao professor Tiago Costa!
Gratos!


Se isto é um Homem


Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece a paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelo e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa, andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entrave,
Que os vossos filhos vos virem a cara.



Si c'est un homme

Vous qui vivez en toute quiétude
Bien au chaud dans vos maisons,
Vous qui trouvez le soir en rentrant
La table mise et des visages amis,
Considérez si c'est un homme
Que celui qui peine dans la boue,
Qui ne connaît pas de repos,
Qui se bat pour un quignon de pain,
Qui meurt pour un oui pour un non.
Considérez si c'est une femme
Que celle qui a perdu son nom et ses cheveux
Et jusqu'à la force de se souvenir,
Les yeux vides et le sein froid
Comme une grenouille en hiver.
N'oubliez pas que cela fut,
Non, ne l'oubliez pas :
Gravez ces mots dans votre cœur.
Pensez-y chez vous, dans la rue,
En vous couchant, en vous levant ;
Répétez-les à vos enfants.
Ou que votre maison s'écroule,
Que la maladie vous accable,
Que vos enfants se détournent de vous.


1947
PRIMO LEVI









sábado, 8 de fevereiro de 2025

MARISA LIZ - Mudar a Canção

 








Marisa Liz
Alex D’Alva
Bárbara Tinoco 
Carlão
Cláudia Pascoal 
Diogo Piçarra 
Iolanda
Luís Trigacheiro 
Neyna 
Paulo de Carvalho
Sara Correia
Simone de Oliveira 

Letra: Marisa Liz, AC Firmino, BATAMATA
Música: Cancioneiro Tradicional, Marisa Liz, BATAMATA




ROBERT DOISNEAU e JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS

 


Le beigneur en vitrine 
Paris -1959



A VERDADE

Je ne crois que  les histoires dont les témoins se feraient égorger!
Pensées, Pascal

   Eu tinha chegado tarde à escola. O mestre quis, por força, saber porquê. E eu tive que dizer: Mestre! quando saí de casa tomei um carro para vir mais depressa, mas, por infelicidade, diante do carro caiu um cavalo com um ataque que durou muito tempo. 
   O mestre zangou-se comigo: Não minta! diga a verdade! 
   E eu tive de dizer: Mestre! quando saí de casa... minha mãe tinha um irmão no estrangeiro e, por infelicidade, morreu ontem de repente e nós ficámos de luto carregado. 
   O mestre ainda se zangou mais comigo: Não minta! diga a ver­dade!!
   E eu tive de dizer: Mestre! quando saí de casa... estava a pensar no irmão de minha mãe que está no estrangeiro há tantos anos, sem escrever. Ora isto ainda é pior do que se ele tivesse morrido de repente porque nós não sabemos se estamos de luto carregado ou não.         Então o mestre perdeu a cabeça comigo: Não minta, ouviu? diga a verdade, já lho disse!
   Fiquei muito tempo calado. De repente, não sei o que me pas­sou pela cabeça que acreditei que o mestre queria efectivamente que lhe dissesse a verdade. E, criança como eu era, pus todo o peso do corpo em cima das pontas dos pés, e com o coração à solta con­fessei a verdade: Mestre! antes de chegar à Escola há uma casa que vende bonecas. Na montra estava uma boneca vestida de cor-de­-rosa! Mestre! a boneca estava vestida de cor-de-rosa! A boneca tinha a pele de cera. Como as meninas! A boneca tinha tranças caídas. Como as meninas! A boneca tinha os dedos finos. Como as meninas! Mestre! A boneca tinha os dedos finos...

Escrito em 1921
Publicado em Novembro de 1921



Almada Negreiros 

A invenção do dia claro, III PARTE