Cynthia Goldsmith/AFP Photo /Divulgação/CDC
Para os seus filhos. O ébola explicado às crianças
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O que é o ébola?
É um vírus, os micróbios mais pequenos que existem. São até 100 vezes mais pequenos que as bactérias. Parece uma minhoca grande nas imagens, mas é muito mais pequeno, só conseguimos vê-lo ao microscópio. O ébola é um dos maiores vírus conhecidos, mas mesmo assim é 300 vezes mais fino que um fio de cabelo.
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Porque é que se chama assim?
Porque foi descoberto pela primeira vez na República Democrática do Congo, país que antigamente se chamava Zaire. Apesar de ter sido descoberto numa terra chamada Yambuku, os cientistas não quiseram que a doença tivesse o nome do lugar para não discriminar a população e deram-lhe o nome do rio mais próximo, chamado Ébola. Na língua local quer dizer “rio negro”.
Como é que começou a epidemia do ébola e porque é que se diz epidemia?
O ébola é um vírus que vive na selva e afecta animais selvagens como chimpanzés, gorilas, macacos e morcegos. Mas como faz parte de um tipo de micróbios que tanto afecta animais como pessoas, por vezes, quando alguém entra em contacto com um animal infectado, o vírus consegue entrar no corpo dos seres humanos. Foi isso que aconteceu na Guiné-Conacri, em Dezembro do ano passado. A doença que provoca é parecida, no início, com outras mais comuns mas que não são contagiosas, como é o caso da malária (que se transmite pela picada de um mosquito). Como nunca tinham tido casos de ébola, não se percebeu logo qual era o problema e as pessoas não conheciam as precauções. Isso fez com que fossem passando o vírus umas às outras e criou-se uma epidemia – quando num curto período ocorrem muitos casos da mesma doença.
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O ébola vai chegar a Portugal?
A epidemia começou em zonas pobres de África e, como no início não se percebeu que havia esta doença, não houve logo ajuda para a evitar a transmissão. Não havia hospitais suficientes e os países com mais recursos não enviaram reforços, e não se começou logo a informar a população sobre os cuidados que devia ter. Isso fez com que o ébola acabasse por passar de pessoa a pessoa e chegar ao países vizinhos da Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa.
Desde então tem havido muito mais atenção e cuidado, e quando alguém tem sintomas e esteve nestes sítios, já se suspeita logo que pode ser esta doença. Para o ébola chegar a Portugal, tem de vir em alguém que tenha sido infectado nestes países; o vírus não pode viajar pelo ar nem sozinho de avião. Hoje, estes países não deixam sair pessoas que estejam doentes, mas como os sintomas de ébola podem aparecer só passados 21 dias, pode acontecer que alguém fique doente em Portugal, embora tenha apanhado o vírus em África. Por isso, quando as pessoas regressam desses países, têm de estar muito atentas aos sintomas para avisar logo os médicos e não irem para um hospital qualquer, mas só para os que estão preparados. Se toda a gente colaborar e respeitar as regras, mesmo que o vírus chegue a Portugal, não há perigo de alastrar.
Como se apanhao vírus ébola?
É difícil apanhar ébola porque não viaja disfarçado no ar, como acontece com o vírus da gripe, mas só em secreções mucosas. Para apanhar o vírus é preciso que fluidos corporais de pessoas infectadas – como expectoração, sangue, saliva ou vomitado – entrem em contacto com os nossos olhos, garganta, boca ou feridas. Geralmente não andamos e não devemos tocar nestas coisas uns dos outros. Além disso, este vírus ao contrário do da gripe, só se transmite quando as pessoas estão doentes.
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Que sintomas dá?
No início, quando o sistema imunitário começa a reagir ao ataque, dá febre e outros sintomas parecidos como quando somos atacados por outros micróbios, como cansaço e dores. Mas com a evolução da infecção, porque o nosso corpo está numa espécie de guerra contra o vírus, surgem muitas hemorragias e os órgãos podem falhar. Por isso é que é uma doença muito perigosa. Ao contrário do que acontece quando nos assoamos com força e deitamos sangue pelo nariz, é difícil estancar hemorragias dentro do corpo.
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Como é que o vírus faz com que as pessoas adoeçam?
Quando o vírus entra no nosso corpo, começa atacar células do nosso sistema imunitário, que são os soldados que nos defendem. Quando consegue entrar dentro dessas células, bloqueia-as e começa a multiplicar-se dentro do corpo humano. Assim, várias cópias do vírus podem conseguir viajar pela nossa corrente sanguínea, o que gera uma grande resposta inflamatória, que pode destruir os nossos vasos sanguíneos.
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Lavar as mãos chega para não apanhar ébola?
É muito importante, não só para nos protegermos do ébola mas de todos os outros micróbios que andam à nossa volta e podem ficar nas nossas mãos e, quando esfregamos os olhos ou levamos as mãos à boca, entrar dentro de nós e causar--nos constipações ou dores de barriga. Devemos demorar pelo menos um minuto a lavar as mãos: como quando se lava os dentes, se fazemos tudo a correr, não ficam bem limpas. Primeiro coloca-se sabão nas mãos e começa-se por esfregar as palmas e entre os dedos, usando as pontas dos dedos da outra mão. Depois esfrega-se as costas da mão, retira-se o sabão e seca-se bem.
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Porque é que não existe uma cura para o ébola?
O vírus foi descoberto há mais de 30 anos e, desde então, houve algumas tentativas para encontrar uma cura. Como é um vírus perigoso, não há muitos laboratórios no mundo que o possam estudar. Outra dificuldade dos cientistas que estão à procura de tratamentos para o vírus é que é preciso descobrir como evitar que ele consiga multiplicar-se dentro de nós, e os truques que os vírus têm para fazer isso estão sempre a evoluir. Acontece o mesmo com a gripe: é preciso fazer novas vacinas todos os anos para serem eficazes. Neste momento há muitos cientistas a trabalhar nisso e estão a ser estudadas novas vacinas e também medicamentos.
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Os médicos não podem fazer nada para ajudar?
Podem e tentam dar o máximo apoio. As pessoas doentes com ébola recebem transfusões de sangue, como alguém que tem um acidente. Além disso, as pessoas que sobrevivem a esta doença desenvolvem defesas especiais (anticorpos) que duram dez anos, e algumas já aceitaram doar esta protecção, como quando se faz uma dádiva de sangue, a pessoas que estão a passar pela doença, para tentar fazer com que resistam melhor à infecção.
As pessoas, quando estão doentes, têm de ficar sozinhas?
Sim, para estarem mais seguras e para se evitar que transmitam a infecção. Mas os médicos e enfermeiros usam fatos especiais para as tratar sem correr riscos.
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Podemos fazer alguma coisa para ajudar?
Há muitas organizações que estão a ajudar as vítimas de ébola em África, como a UNICEF ou a Cruz Vermelha. Estima-se que são precisos mil milhões de dólares para ajudar os países africanos a erradicar a epidemia de ébola, que já afectou quase dez mil pessoas. Podem ser feitos donativos ou campanhas de recolha de brinquedos ou materiais escolares para as muitas crianças que perderam os seus pais por causa desta doença.
Muito bom texto, claro e útil!
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