domingo, 15 de março de 2015

ANA PAULA BIRRA - Se a Alegria Sobrasse dos Dias Claros

Porque alguns destes DIAS, porventura (e por ventura!), terão clareado na FERREIRA...


Porque não há dias que não sejam das mulheres...

Dá-me um abraço, filha,
que abrace o mundo,
que toque a lua,
que beije os sonhos...

Abraça a vida,
supera o medo
e nunca esqueças
que és dona de ti mesma
e que há caminhos infinitos
onde o amor é alegria
e não deserto,
onde a vida
é um contínuo fluir
de emoções e descobertas,
onde o amor é um botão de rosa
que eternamente teima em florir.

Ana Paula Birra

                                         Sabes, amor, 
                                         há rosas no deserto,
                                         lá longe, 
                                         onde o sol é quase fogo,
                                         nessa distância
                                         incerta,
                                         das intermitências do sonho!
                                         Talvez haja caravelas 
                                         nas margens, lentas e escuras, 
                                         dessas areias de lume,
                                         dessas areias de dunas
                                         que se vão fazendo estrelas
                                         que se vão fazendo luas...

                                         Sabes, amor, 
                                         se há rosas no deserto,
                                         há-de haver em qualquer lado
                                         um oásis verde escuro
                                         um caminho que se faça
                                         em direcção ao futuro...

                                         Ana Paula Birra

1 comentário:

  1. Apresentação do livro de poemas
    “Se a Alegria Sobrasse dos Dias Claros”

    A Ana Paula Birra começou a publicar os seus poemas numa rede social (Facebook), pelo que, sendo eu amiga da colega, imediatamente me surpreendeu a poetiza, a força de cada verso, a intensidade das mensagens, a energia das palavras tecidas de forma tão rara e cativante: revelou-se uma outra mulher.
    O número de poemas tornados públicos foi aumentando, e eu queria mais e mais. Depressa desafiei a colega e amiga a publicar em livro os poemas que lia e relia, a qualidade assim o exigia. Fui bebendo cada verso, insaciável, pois cada novo poema trazia mais e mais encanto, beleza, desassossego, sentidos. O processo criativo é admirável, os dias tornavam-se mais claros, ainda que a alegria não sobrasse.
    Fui acompanhando, lendo, relendo, insistindo no desafio da publicação.
    Leio a Ana Paula e encontro ora inquietude, ora esperança; ora luz, ora trevas; na profundidade das vivências claras e sentidas, dos momentos, dos medos, da coragem, está presente o questionamento simples, mas penetrante, da nossa existência.
    Com os poemas da Ana Paula somos crianças e adultos, luz e sombra, dias claros e dias cinzentos, sorrisos e lágrimas, margens e rios, cores e melodias, voos sonhados e barcos atracados, sol e chuva, noites, dias e madrugadas, saboreadas nos sentidos mais diversos.
    Na poesia da Ana Paula lê-se o existencialismo dos grandes poetas, encontra-se a sensibilidade e leveza de Eugénio de Andrade, tão perto da terra, descobre-se a metafísica de Fernando Pessoa, respira-se a intensidade de Sofia de Mello Breyner, reencontra-se a força de Florbela Espanca – é portanto uma poesia rara na criação estética, nua, transparente, nobre, digna, plena de sentidos e emoção única, cheia de vidas, de voos e sonhos, onde não faltam os fardos, os pesadelos, que são também parte da vida.
    Parabéns Ana Paula; bem hajas pela partilha pública destes tesouros, pois todos nós ganhamos asas ao ler-te, e repito ler-TE, uma vez que só acredito em poesia autobiográfica e aqui estás TU: o teu uni-verso, estatura grandiosa, mulher plena, numa dimensão que nos transcende, mas que nos ilumina. Venham mais poemas e mais livros…

    Paula Silva
    AEAMS, ESMA, Mediateca Escolar,
    20 de março de 2015

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