sexta-feira, 20 de maio de 2016

ALBERTO CAEIRO e o CARVALHO DE CALVOS, na PÓVOA DE LANHOSO

PÓVOA DE LANHOSO 
Carvalho de Calvos, exemplar da espécie Quercus robur L., 
tem entre 500 e 1000 anos de idade... 


   



Fotografias de JoseMariaLaura -  MARÇO 2016

Quando vier a Primavera,

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

7-11-1915
“Poemas Inconjuntos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).  

EM 2009:
http://ferreiradiasenoites.blogspot.pt/2013/03/no-dia-da-arvore.html

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