Dia 8 de fevereiro de 2018, pelas 18h...
maria laura matos de Slidely by
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Encontro com os Artistas da cidade de Agualva-Cacém
Nesta cidade de Agualva Cacém, onde
agora eu circulo com o à-vontade de um turista, vêm ao
meu encontro, com seus livros de histórias e poemas,
memoráveis crónicas, obras de pintura, poetas e escritores, intelectuais e artistas que marcaram a cultura
nacional e que aqui fazem figura, dando graça a ruas e praças!
Nesta cidade, detentora de um
património cultural já muito antigo, passo e deambulo, em jeito de repórter; ponho-me à conversa com Alexandre Herculano e, logo a
seguir, tiro bilhete para o nosso Garrett,
evocando Frei Luís de Sousa e o seu falso romeiro, regressado das
trevas dos aventureiros portugueses desaparecidos em combate!
Nesta cidade, que nos convida à
descoberta de ilustres figuras, encontramo-nos,
até, com nomes célebres de grandes aviadores! Sento-me
na praceta Almirante Gago
Coutinho e vem-me à memória a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, cruzando o céu sobre o mar azul!
Prosseguindo a minha peregrinação,
dou de caras, vejam bem, com o
cronista Álvaro Velho, herói da expedição à Índia, honrando uma rua do nosso Cacém!
Enveredo, então, pela rua de Alves
Redol, escritor realista e também jornalista!
Dou-me conta de que ainda só estamos
na letra A e, para verem que não me desleixo,
vou nomear, primeiro, António Aleixo e o romancista Aquilino
Ribeiro!
Entramos na letra B, com o grande Bocage e o poeta Bandarra, e também trago a terreno o dramaturgo Bernardo
Santareno!
Sento-me num banco com o Amor
de Perdição, e leio, com emoção, Camilo Castelo Branco!
Vamos continuar em diante, na
companhia de Cesário Verde, o poeta repórter da cidade de Lisboa,
que me inspira neste passeio pelas ruas do Cacém. Ele não tinha, como eu, uma câmara
de filmar para registar os instantes! Tinha os sentidos todos apurados: visão,
audição, olfato, gosto, tato, que lhe permitiram captar tudo na perfeição!
Estamos na praceta das
Descobertas e invocamos, agora, os grandes navegadores, princesas, cavaleiros, reis e trovadores,
envolvendo-nos na barafunda de nomes como Diogo
Cão, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Nuno Álvares Pereira, D. Pedro I, Inês
de Castro e D. Maria II!
E não ficamos por aqui, pois há mais
nomes do passado que honram a História deste
nosso povoado!
Por isso, vamos em frente, veraneando com Fernão Lopes, Fernão
Mendes Pinto, por caminhos de Lisboa e do Oriente!
Nesta cidade literata, intelectual e
diletante, divagamos com Fernando Pessoa, somos saudosistas
e futuristas, intersecionando o passado com o presente!
Levados pelo engano de satisfazer o
gosto e o olfato com as delícias de um bom prato, chegamos à rua de Eça de
Queirós, e imaginamo-nos a correr com Carlos e Ega para apanhar o americano!
Ah!, mas ainda falta mencionar nomes
como o do escultor Machado de Castro, da poetisa Florbela Espanca e do escritor Ferreira
de Castro e, já agora, seguimos a ideia de entrar na Corte na Aldeia, com
o escritor barroco Francisco Rodrigo Lobo!
Já estamos em despique com o infante D. Henrique,
de portas abertas para novas descobertas!
Quem diria que temos tanta arte na nossa freguesia, pois, pelo caminho, ficam-nos nomes como o de Oliveira Martins, Sá de Miranda e Garcia
de Resende e ainda fazemos rimas com sonetos e canções
de Luís Vaz de Camões, Miguel Torga, João de Deus, José
Régio, Ramalho Ortigão, Marquesa de Alorna e José de Almada Negreiros!
Meu Deus, e ainda falta desenhar o
perfil de Guerra Junqueiro, Marquês de Pombal, Pedro Álvares Cabral, o matemático Pedro Nunes e Pero
Vaz de Caminha, com a sua Carta
de Achamento do Brasil!
Finalmente, e num crescendo de diversão, vamos terminar com Gil Vicente,
porque o modo mais eficaz de se castigarem vícios e maus costumes é com humor e sem agressão!
Judite Morais