terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Mosteiro de Alcobaça - Porta «Pega-Gordo»

 


Os monges do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça eram submetidos na Idade Média a um tratamento infalível contra a obesidade. Até hoje não foi superado por nenhuma dieta. Os monges que comiam no refeitório eram obrigados a buscar a própria comida na cozinha ao lado. Ninguém podia servi-los.

Os superiores dos monges recorreram à porta pega-gordo porque a gula é um dos sete pecados capitais e a obesidade os tornava menos aptos aos trabalhos braçais. Os religiosos pertenciam à extinta Ordem de Cister, cujos seguidores trabalhavam como agricultores e produziam tudo que consumiam.

Os abades faziam de tudo para controlá-los a mesa. Mandavam comer sem pressa, mastigando, ouvindo no refeitório coletivo a leitura de um trecho da Bíblia. Regulavam o consumo de alimentos, punindo os desobedientes com uma dieta a base de pão e água. A carne e a gordura, até mesmo por motivos religiosos, que previam dias de jejuns e abstinências, foi vetada por muito tempo.

Abria-se exceção só no caso de doença.  Em 1666, porém, o papa Alexandre VII autorizou seu consumo. A liberação alterou as cozinhas da Ordem Cister, que precisaram aumentar a estrutura para assar dois bois inteiros, atravessados por grandes espetos. A lenda diz que a melhor solução foi encontrada por um abade do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, no Centro da Capital, construído no século 12, hoje transformado em museu. Ao visita-lo os turistas se surpreendem com o amplo refeitório e a enorme cozinha, cruzada por um braço desviado do Rio Alcoa.

No refeitório, os monges sentavam-se com os rostos virados para a parede e comiam em silêncio. O abade ficava de costas para a parede, observando os subalternos. Alguns metros a frente, havia uma porta de 2 metros de altura e 32 centímetros de largura. Serviria para controlar o peso dos monges. Uma vez por mês, eles deviam atravessá-la, o que era possível apenas se o fizessem de lado. Caso não conseguissem, o abade os submetia a dieta de pão e água.


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