Fotografia de José Maria Laura
Era eu criança e o Arsénio já um homem muito adulto, um primo, um líder familiar. Um franco sorriso, um gesto largo, um contágio de alegria e, ao mesmo tempo, um pulso firme. Nesta altura do ano, desde Lisboa até ao ninho transmontano, o seu gesto franco de amizade sem contornos, fazia-nos chegar bacalhau, queijo, doces. O Arsénio era o nosso Natal.
Foi assim que aprendi o Arsénio, foi assim que continuei a vê-lo pela vida fora: trabalhador, decidido, generoso, firme, lutador sem recuos, em Trás-os-Montes, em Lisboa, e já bem tardiamente, quando a emigração era ainda um tabuleiro desconhecido - mas ele era um águia-mestre no domínio da pastelaria - , aventurou-se no Canadá. Distante, sem o domínio da língua, com a sua sempre companheira, Zulmira, proporcionou um futuro de sucesso aos filhos. Verdadeiramente um “urso vencedor” como disse o seu neto, o Paulo.
Um homem desta envergadura, mesmo coberto de terra, não é aqui que sai derrotado.
Cabriz, 9 de dezembro 2017
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