Fechei-me dentro dos muros
onde o meu corpo não cabia
contente de ser prisioneira
do cárcere que eu transcendia.
E fui no vento que tudo
tudo o que havia varria,
contente de ser mais veloz
que o vento que me impelia.
Fiquei suspensa dos ramos
que os meus cabelos prendiam
contente de ser o destino
da árvore em que me fundia.
E dei-me como leito às águas
dos sonhos que me transcorriam
contente de ser o curso
da água em que me esvaía.
Inéditos 1959/61 - Poesia Completa, Dom Quixote