A Ferreira perde um professor, um colega.
A Ferreira não perde um Amigo, um Poeta, um Pensador.
para o Fernando Carita que sabe que a amizade é térrea e incolor
não sei a que centro de que mundo te imanizas
porque tanges todos os excentros
exsudas da córnea da alma
fagulhas de silêncio repassado
e acendem-se luzes quando as sopras
como se voar fosse estar acorrentado
que fundos lavras, sem fundo,
com aromas de sentidos naufragados?
de que rotunda margem te soergues?
a que descentrados centros te aprumas?
que rectilíneos remoinhos provocas?
vai, andante de carvões de luz,
verba de sede em círculos de arestas
que fulminam
vai, caminheiro de sintaxes,
por tecituras de delitos
até ao estro
não é possível desafiar a morte
sem primeiro atestar a lâmina da vida
aqueço a eternidade do sono alvoroçado
e vigio a floração do teu olhar
José Maria Silva
Março de 2009
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