sábado, 22 de junho de 2013

Para o FERNANDO EDUARDO CARITA

A Ferreira perde um professor, um colega.
A Ferreira não perde um Amigo, um Poeta, um Pensador.

para o Fernando Carita que sabe que a amizade é térrea e incolor

não sei a que centro de que mundo te imanizas
porque tanges todos os excentros
exsudas da córnea da alma
fagulhas de silêncio repassado
e acendem-se luzes quando as sopras
como se voar fosse estar acorrentado

que fundos lavras, sem fundo,
com aromas de sentidos naufragados?
de que rotunda margem te soergues?
a que descentrados centros te aprumas?
que rectilíneos remoinhos provocas?

vai, andante de carvões de luz,
verba de sede em círculos de arestas
que fulminam
vai, caminheiro de sintaxes,
por tecituras de delitos
até ao estro

não é possível desafiar a morte 
sem primeiro atestar a lâmina da vida

aqueço a eternidade do sono alvoroçado

e vigio a floração do teu olhar 

José Maria Silva
Março de 2009 


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