Fotografia de José Maria Silva
laços de olhar, em torno da memória;
lembrar com medo é refazer a história
de quantos deuses uma estátua é feita.
Surgem desígnios que a morte ajeita
ao jeito permitido... Sim ! Devore-a
a pura terra em água mais eleita,
que, ao chamar gruta à solidão marmórea
dará, e a Deus, um cântico e um destino.
Se foi impunemente que menino
me demorei no tempo e não perdi
o bibe sujo que ficou como era,
tenho maior direito ao que se espera:
criei constelações e nunca as vi.
Poesia-I
Círculo de Poesia - Moraes Editores, 1977
JORGE DE SENA
(2 de novembro de 1919 - 4 de junho de 1978)
Muito antes de todas as NET, Trás-os-Montes pariu, INTERTERRA, INTERÁGUA, INTERLUZ, meninos natura de sorriso indomável. Prematuros sabedores. Inocentes pousados no chão da vida que ferve mesmo na lama. J.M.Silva
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