segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ANTÓNIO RAMOS ROSA (1924-2013)

Fotografia de João Silva

ATÉ ONDE VÓS ESTAIS

Oh, presenças amigas, ó momento
em que alongo o braço e toco em cheio os rostos
A minha língua abriu-se para dizer a face
do vento que percorre as vossas vidas.

Estou perante a noite mais profunda,
a delicada noite das raízes: vejo rostos
vejo os sinais e os suores das vossas vidas.

Atravesso árvores submersas, ruas obscuras,
poços de água verde, e vou convosco ter,
minhas faces lívidas, mãe, amigos, amores.

A terra que penetro é este chão de terra
com as raízes feridas, com os ferozes pulsos,
A vertente que desço é uma subida às vossas vidas.


ANTÓNIO RAMOS ROSA
In O centro na distância, 1981

António Ramos Rosa na sua casa em 2004 DAVID CLIFFORD/ARQUIVO



LUÍS MIGUEL QUEIRÓS
23/09/2013

Escritor tinha 88 anos. Deixa uma vasta obra na literatura portuguesa.

António Ramos Rosa morreu nesta segunda-feira, ao início da tarde.

Vencedor do Prémio Pessoa em 1988, António Ramos Rosa é um exemplo de entrega radical à escrita como talvez não haja outro na poesia portuguesa do século XX.

Poeta, ensaísta e tradutor, nasceu em Faro, em 1924. A sua obra poética, iniciada em 1958 com a publicação de O Grito Claro, abarca quase 80 títulos, não contando já com antologias, compilações e livros escritos a meia com outros autores.

AQUI:
http://www.publico.pt/cultura/noticia/morreu-antonio-ramos-rosa-1606787



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